As mudanças climáticas estão interligadas com o curso natural do planeta, mas vem sendo intensificadas pelas atividades humanas, principalmente pós-revolução industrial, com uma exagerada produção e consumo dos bens e serviços referentes ao atual modelo de desenvolvimento econômico, que prima por um excedente consumo de combustível fóssil e desmatamento.
Nesse ritmo acelerado do atual modelo de desenvolvimento econômico, ocasionamos alterações nos ciclos naturais, que geram impactos ambientais. Guerra e Cunha (2001) definem impacto ambiental como sendo as alterações sociais e ecológicas causadas ao ambiente, pela relação entre a Sociedade e a Natureza.
Por meio dessas transformações, a sociedade fica exposta aos riscos gerados pelo seu próprio modo de vida (VEILLARD-BARON, 2007). Em meio aos variados riscos temos a poluição atmosférica que, dentre os seus diversos efeitos, ocasiona o aquecimento global. O aquecimento global que, por muitos anos, foi tido como um assunto malquisto, principalmente pelos agentes políticos, mas que no mundo atual não pode deixar de ser percebido e sentido.
Assim, estudos que busquem analisar as causas da concentração e o que pode contribuir com a diminuição desse aquecimento são fundamentais para uma qualidade de vida socioambiental, onde podemos aqui mencionar as inúmeras pesquisas outrora desenvolvidas e as que estão em desenvolvimento na Antártica.
O continente Antártico está localizado no Polo Sul geográfico, rodeado pelo Oceano Antártico, apresentando uma grande variedade de fauna e flora em sua forma natural, por não haver, praticamente, a intervenção humana. No mar são encontradas as maiores representatividades da vida deste continente, com comunidades marinhas ricas e diversas, responsáveis em absorver mais de 80% do calor atmosférico (CORDÉLIA et al., 2006).
Desta forma, pesquisar e entender o comportamento do ambiente marinho no Oceano Antártico é fundamental frente às alterações ambientais, pois o continente tem importante papel no controle climático global, por seu Oceano ser o principal meio das trocas de energia, calor e massa entre as três bacias oceânicas – Atlântico, Índico e Pacífico, tratando-se de uma região mais sensível as mudanças globais (ibid).
O clima na América do Sul é fortemente influenciado pela Antártica, por isso existem pesquisas na Antártica sendo desenvolvidas buscando investigar as mudanças climáticas e o equilíbrio do ecossistema. Segundo o Ministério da Ciência, essas pesquisas são fundamentais para prever cenários futuros de mudança climática no Brasil (RESENDE, 2022).
Até o início da década de 60, pouco se sabia em relação ao continente antártico, sobretudo, por se tratar de um local inóspito e de difícil acesso. As explorações começaram de fato em 1959, com o Tratado Antártico, assinado por doze países, permitindo a liberdade de exploração científica do continente (IZAGUIRRE e MATALONI, 2000). Atualmente existem mais de 100 bases de pesquisa, correspondendo a 29 países, com estudos para variados fins. O Brasil aderiu ao Tratado, em 1975; criou o Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), em 1982; e inaugurou a sua estação de pesquisa “Estação Científica Comandante Ferraz”, em 1984.
Neste ano, de 2023, o PROANTAR completa 41 anos de realizações de pesquisas, tendo como temas: Gelo e Clima, Biodiversidade Antártica, Oceano Austral, Geologia e Geofísica, Alta Atmosfera e Ciências Humanas e Sociais. Na temática Gelo e Clima, os estudos têm por objetivo investigar o papel das massas de gelo e da neve no clima do Hemisfério Sul, com foco no continente sul-americano, observando dados do passado, presente e, desta forma, as tendências para o futuro frente as alterações existentes. Já na temática Oceano Austral se tem como objetivo:
“Investigar processos físicos e biogeoquímicos associados às mudanças na dinâmica do oceano Austral e suas interações com a atmosfera, a cobertura de gelo marinho, ecossistema marinho e com as mudanças observadas no manto de gelo da Antártica que possam ter impacto no clima continental e no oceano adjacente ao Brasil” (BRASIL, MCTI, 2023).
Assim, entender como funciona a Antártica colabora na compreensão da dinâmica do restante do planeta, ajudando na mitigação de impactos ambientais e na preservação sustentável das fontes de vida, por esse continente ser mais sensível às alterações, que colabora com respostas céleres que favorece na busca por melhores soluções.
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