Uma família ou uma empresa é um organismo vivo pulsante e cada membro dela funciona como um órgão vital para o seu pleno funcionamento. Assim, a função de um impacta na saúde do todo. Podemos entender cada pessoa dentro de uma família – e, também, cada indivíduo dentro de um organismo chamado empresa – como peças de uma engrenagem que não para. Para melhor entendimento do conceito, nesse artigo falarei mais da visão sistêmica dentro das famílias, mas as mesmas dinâmicas podem ser observadas dentro de empresas, porém em outros contextos.
Na visão sistêmica, os problemas, questões importantes, desafios e até mesmo doenças, podem ser frutos de uma desordem sistêmica; nestes casos, ela acontece para que o amor volte a fluir naquele sistema – são como a ponta de um iceberg que leva a questões profundas que podem estar na família há gerações, aguardando até que algum membro pudesse trazer à tona. Isso pode vir na forma de uma questão comportamental, de saúde ou de conflitos, por exemplo.
Partindo da ideia da física quântica de que tudo que existe está entrelaçado em um relacionamento sistêmico, podemos afirmar que dentro de um sistema, cada parte influencia o todo e o todo influencia as partes. Isso nos leva à ideia de que exista uma organização própria daquele sistema e que opera sob suas leis. Portanto, quando uma parte, de certa forma, “viola” alguma lei, o próprio sistema tem como princípio a tentativa de reorganização dele mesmo.
O conceito central da visão sistêmica encontra sua explicação na teoria dos campos morfogenéticos, também chamado de campos morfogênicos (vide artigo). A hipótese desses campos foi formulada pelo biólogo inglês Rupert Sheldrake. Em sua obra, “Nova ciência da vida”, ele afirma a constante presença da memória do passado, trazendo a ideia de que a memória é algo intrínseco à natureza. Ele acredita que as leis naturais são, na verdade, a incorporação de hábitos repetidos ao longo do tempo por determinada espécie. Sheldrake não se refere apenas ao ser humano, mas também aos animais e até às espécies de plantas. Na verdade, os campos morfogênicos formam as leis que operam toda a vida em nosso universo. Isso nos leva a pensar que a teoria da evolução deve levar em conta os hábitos incorporados. Segundo ele, não podemos considerar apenas a evolução biológica, mas também, a evolução química, física, cósmica, mental, social e cultural.
Partindo-se da ideia de que existam leis que regem nosso universo e seus sistemas, o alemão Bert Hellinger (1925-2019) identificou três leis básicas que regiam todos os sistemas com os quais trabalhou ao longo de sua carreira como constelador. Familienstellen é o nome dado para Constelação Familiar na Alemanha. Apesar de a constelação ter sofrido muitas variações ao longo desses anos, a essência que rege todas as modalidades são heranças de Hellinger. Atualmente, é sua esposa Sophie Hellinger que administra a Hellinger®schule, escola alemã dedicada aos estudos das constelações em seus diversos campos de atuação (familiar, empresarial, judicial, pedagógica, educacional).
As Leis Sistêmicas
Em linhas bem superficiais, um breve resumo das três leis que regem a visão sistêmica:
1.Pertencimento, ou seja, todos que nasceram naquele sistema têm direito de pertencer. As exclusões dentro do sistema geram problemas tanto para as gerações atuais quanto para as próximas. Ainda que não tenham conhecido os familiares envolvidos ou tenham conhecimento das histórias, pelo caráter transgeracional (vindo de memórias, linguagem não verbal e sistema de crenças), a exclusão fica em um campo de informação – as teorias dos campos morfogenéticos e a Física Quântica explicam o tema. Exemplos de exclusões são abortos (mesmo quando a mãe não tem ciência de que aconteceram); as brigas de família onde um membro é banido por atitudes moralmente inaceitáveis, por exemplo; suicídios; ou familiares mortos em guerras.
2.Hierarquia: cada membro da família nasce em um determinado papel: pai, mãe, primeiro filho, segundo, terceiro etc. A inversão dos papéis é fonte de muitos problemas no sistema. Alguns exemplos comuns são: pais que se comportam como filhos dos filhos, relações em que filhos determinam o que é melhor para os pais ou filhos mais novos assumindo funções dos mais velhos.
3.Equilíbrio de troca: segundo essa lei sistêmica, para que haja equilíbrio em uma relação, sempre que recebermos algo positivo, devemos retribuir fazendo algo ainda maior. Por sua vez, essa atitude suscita em quem recebe de volta, o desejo de retribuir com algo maior; nessa dinâmica, estabelece-se um equilíbrio positivo de troca e as relações apenas ganham e se frutificam. Mas existe também a troca negativa: aqui, ao receber algo que fere, o outro devolve com algo ainda pior, iniciando um jogo de perde- perde, tornando essas relações destrutivas.
A força do amor nos une
Quando uma dessas leis não é respeitada dentro de qualquer sistema, seja ele familiar, social ou empresarial, todos os envolvidos são impactados em maior ou menor escala. Se pensarmos na base da teoria dos campos morfogenéticos, ou seja, sua capacidade auto-organizativa por meio de uma memória dos hábitos – que tendem sempre a manter sua integridade – na visão sistêmica, quando o fluxo do amor é interrompido, ou seja, quando a força máxima de integridade entre seres está em risco, o próprio sistema busca se restabelecer. O problema é que ele faz isso da maneira que pode e, na maioria das vezes, essa maneira representa problemas e desafios difíceis aos representantes do sistema. Portanto, o que chamamos de problemas, em síntese, são sempre formas de fazer os pertencentes daquele sistema permanecerem unidos.
Portanto, a lei que rege qualquer sistema é, no limite, a lei do amor. Quando dizemos que um problema ou doença, na verdade, é tentativa de unir, é preciso fazer uma distinção entre o amor que nutre e o amor infantil – termo usado por Bert Hellinger para designar o amor que mesmo adultos sentem, mas que, na verdade, é fruto do medo da criança de ser abandonada ou não pertencer àquele sistema. A criança faz tudo para ser amada, pois todo ser humano carrega um medo visceral de ser abandonado e, consequentemente, não sobreviver. A rejeição, para a criança, significa não sobrevivência, ou seja, é medo instintivo. Para o sistema, a não sobrevivência seria a não continuidade daquela linhagem familiar. Se pensarmos em termos de leis da natureza, cada linhagem familiar é o que possibilita a formação de comunidades, sociedades, cidades, estados, países e, consequentemente, a vida humana no planeta. Podemos entender nisso o motivo que faz toda criança assimilar muito facilmente todas as informações do ambiente e organizar seus sistemas de crenças que a torna pertencente ao sistema. Isso faria parte da sua própria configuração cerebral, que possui neurônios especializados que a faz imitar hábitos percebidos de maneira verbal ou não verbal, criando uma espécie de software para poder sobreviver neste mundo. Segundo Siegel, Daniel J., e Hartzell, Mary, em sua obra ”Parenting from the Inside Out: How a Deeper Self-Understanding Can Help You Raise Children Who Thrive“, as crianças possuem facilidade para imitar graças à grande presença de um tipo de neurônio específico no cérebro chamado neurônio espelho; a presença deles as torna extremamente sensíveis ao meio em que vivem.
A família ensina, por crenças, valores, traços culturais, religiosos e sociais, como a criança precisaria se portar para pertencer e, assim, fazer parte deste mundo. E por sua imaturidade cognitiva, o amor fica relacionado a seguir tais padrões e crenças daquele sistema. Como os primeiros sete anos moldam grande parte da nossa arquitetura mental, seguimos a vida adulta com este software equivocado sobre o amor.
Partindo do princípio de que existe uma memória que carrega as informações e que tais informações viajam através do espaço e do tempo, na família, as desordens ocorridas quando uma destas três leis é violada, também ficam como informação no sistema, no chamado “campo”. Tais informações seguem a teoria dos campos morfogenéticos, ou seja, atravessam gerações por meio dos hábitos repetidos e reforçados que formam sistema de crenças, valores, fazendo parte da linguagem verbal e, principalmente, não verbal daquele meio. Na visão sistêmica, muitas vezes, podemos perceber que, de forma totalmente inconsciente, as crianças são como que “aspiradas” para dentro desse campo de informações e reproduzem suas desordens como forma de mostrar à geração atual o que precisa ser visto e reparado. Assim, uma desordem vivida por um pai, por exemplo, é vivenciada pelo filho, que viveu sob influência dessa criação. Aqui, a teoria da Epigenética encontra uma explicação para a manifestação de doenças, por exemplo; isso também estaria diretamente ligado aos valores de crenças de uma família. Todo esse campo de informações atua de maneira direta no corpo, contribuindo, inclusive, para a manifestação de algumas doenças chamadas doenças sistêmicas (visão específica para doenças dentro do contexto das constelações familiares).
O que as constelações nos mostram é que nossa inconsciência das desordens não nos protege de sofrer seus efeitos, pois fazemos parte de um sistema maior e estamos sujeitos às suas leis e consequências. Dessa forma, aquilo que, não foi visto em gerações anteriores, deixa uma lacuna no campo familiar e os membros que nascem naquele sistema passam a viver sob essas dinâmicas de forma inconsciente. Esse processo de repetições é chamado de enredamentos na visão sistêmica. Nesse sentido, doenças e problemas são formas de trazer desordens à tona, para que alguém da geração atual possa enxergar e reestabelecer o amor.
Educação Parental – Parentalidade Essencial
A criança é a força de reparação maior dentro de um sistema; sua chegada em uma família são potenciais de cura dele. As crianças são ainda moldáveis em termos de formação de crenças, portanto, o sistema veria, nelas, uma chance de continuidade e perpetuação daquela linhagem, daí sua maior suscetibilidade.
Inserir a visão das constelações familiares dentro da Parentalidade Essencial é como uma diretriz na identificação de questões sistêmicas que podem estar influenciando o comportamento de uma criança. O trabalho de constelações pode ser um caminho, mas não é o objetivo maior. Minha intenção é trazer consciência aos pais sobre questões familiares, que podem estar acontecendo de forma oculta, e o quanto podem estar sendo refletidas na criança. Ela é como um espelho que revela algo muito maior, não apenas sobre ela mesma, mas também sobre os pais e todo o sistema familiar aos quais pertencem. A criança é fruto de dois sistemas, daí a importância de ambos serem considerados. Somente essa ampliação de perspectiva, muitas vezes, já é capaz de modificar um comportamento de uma criança.
Quando a família ganha consciência do que é o amor saudável, pode educar e ajudar os novos membros a se sentirem pertencentes sem vincular amor à simples repetição de valores. Isso muda a visão do que é a educação e bane o conceito ultrapassado de “criança boa ou mal educada”, que aprisiona tantos de nós, já adultos, até hoje. A criança vem ao mundo e se presta a mostrar os enredamentos ocultos nos campos de informação daquele sistema familiar; seu amor é, de fato, incondicional. Quando um dos pais, finalmente, lança um olhar atento e percebe essas dinâmicas, a criança pode, de certa forma, relaxar, o que significa manifestar sua divina expressão livremente e não mais ficar em papéis que estava ocupando apenas para mostrar aos pais o que precisava ser visto. Na prática, isso significa mudanças de comportamentos, trégua em conflitos, alívio de sintomas e, em alguns casos, até doenças mudando seu curso. É um verdadeiro poder de cura que os pais têm sobre seus filhos, não apenas do ponto de vista físico, mas emocional. Quando usamos a palavra cura, é preciso expandir para uma visão menos materialista, na qual enxergamos apenas o corpo físico. Somos feitos de mais que amontoados de átomos e moléculas, também somos matéria sutil e uma cura sistêmica fala sobre algo além do espaço-tempo, ou seja, fora do nosso mundo material visível.
Mas como se enxerga este campo de informação? A Observação Fenomenológica.
Nas constelações, um constelador é a figura que acompanha os chamados movimentos sistêmicos que acontecem quando um indivíduo chega com um desafio. A partir de um estado de presença profunda, o constelador pode usar representantes*, bonecos, objetos, cavalos ou mesmo imagens mentais para revelar alguma informação presente no campo. Para isso, ele não usa a mente; ele apenas permite que os movimentos aconteçam livremente, deixando-se guiar pela força do próprio campo que se forma em uma constelação.
Depois que os movimentos acontecem, o conhecimento das leis o ajuda a perceber as dinâmicas que estão presentes e ele pode contribuir com o restabelecimento do equilíbrio a partir de falas, movimentos ou, simplesmente, deixando que o próprio movimento se encarregue da solução. Assim, ele atua como um facilitador e não como um solucionador.
No processo, o constelador e constelado apenas observam o que está emergindo para a consciência, por meio da representação (de pessoas, objetos, animais ou das imagens mentais), ou seja, a dinâmica cria uma nova imagem de uma situação. O que se percebe é que o simples fato de observar o fenômeno, sem julgamento, é suficiente para o seu reequilíbrio. Uma constelação efetiva pode (e, talvez, até deva) conter poucas falas deixar que se crie uma imagem potente. O olhar atento ao fenômeno observável, que chamamos de olhar fenomenológico, já é capaz de transformar as situações. É ele que deve reger uma constelação, pois é tudo que o sistema em desequilíbrio precisa é ser visto!
*A palavra “representante” pode gerar confusão à medida que pode ser interpretada como se a pessoa fingisse um papel. Representante seria apenas uma pessoa que se coloca à disposição do campo e utiliza seu corpo para manifestar as forças do campo. Por exemplo, algumas modalidades utilizam cavalos para representar as informações do campo; portanto, o animal é considerado representante em uma constelação.
Constelação não é terapia
Trago essa explicação sobre a fenomenologia, pois em minha prática uso esse olhar sistêmico para observar todos os desafios humanos, e não necessariamente isso acontece dentro de uma dinâmica de constelação. É bem comum um cliente chegar com uma questão e o simples fato de observarmos a situação fenomenologicamente, ou seja, apenas atentos aos fatos observáveis e isentos de julgamento, criando uma nova imagem, ser suficiente para trazer alívio a uma questão trazida por ele como desafiadora. Digo que sou a consteladora que menos indica uma constelação. É muito comum alguém me perguntar se deve fazer uma constelação e posso afirmar que, na minoria dos casos, indico não fazê-la como primeira prática. Indico que a pessoa faça leituras, procure práticas de autoconhecimento primeiro, ampliando seu olhar para que, ao chegar efetivamente na constelação, venha sem véus e sem julgamentos. Vejo, atualmente, com a disseminação da constelação, muitas pessoas apelando para constelação como uma terapia ou como um hábito para buscar a solução de seus problemas. Constelação não é um processo terapêutico; é um instrumento para navegar pelo campo de informação de um sistema, mas esse espaço é sagrado e precisa ser respeitado em sua grandiosidade. Meu professor Renato Shan Bertate, nos dizia que não podemos atuar como “bisbilhoteiros” do passado familiar como maneira de viver o presente e planejar o futuro. O campo é um espaço que temos à disposição quando adquirimos consciência e queremos, verdadeiramente, observar e enxergar uma nova imagem de nossa família.
Durante uma constelação, é bastante comum nos deparamos com fatos, por vezes duros, sobre nossos familiares e antepassados, e será preciso aceitar as imagens, sem julgamento, afinal, aquelas pessoas não estão ali, o que estamos acessando são informações. Quando percebo pessoas querendo acessar esse campo em busca de achar culpados por seus problemas atuais (mesmo que inconscientemente), eu as desencorajo de constelar. Também é preciso ter discernimento, por parte do constelador, sobre o que quer ser realmente revelado em uma sessão. O campo traz muita informação e será o bom senso dele que o fará colocar luz sobre o essencial. Caso contrário, podemos nos perder em tantas informações e jogar luz sobre o que não é relevante para a vida do cliente naquele momento.
Todos vivemos dentro do mesmo campo
Acredito que ter acesso a essa capacidade de facilitar é um presente, mas também uma responsabilidade sobre como vamos manusear essa ferramenta. Assim, eu a tenho na minha maleta de recursos disponíveis, usando apenas quando o próprio campo me convida a adentrar nele; quando o faço, entro pedindo licença e me retiro dele em total estado de gratidão. Isso porque uma outra característica dos campos de informação é que quando entramos neles, é porque, de alguma forma, também fazemos parte deles. A física quântica explica isso pela sincronicidade ou entrelaçamento quântico. Nossa frequência nos aproxima de determinados campos e só entramos naquele em que temos algo a aprender também. O Ho’ponopono, prática havaiana de cura, traz o ensinamento de que toda situação (de prazer ou desprazer) que vivenciamos é um reflexo externo de algo que ainda precisa ser curado em nós mesmos e em nosso próprio sistema. Nesse sentido, problemas e até relacionamentos desafiadores nos quais estamos envolvidos, estão acontecendo para que incluamos algo em nossa vida; tudo o que nos incomoda faz parte de nós e está apenas sendo espelhado pela outra pessoa, fazendo com que duas pessoas fiquem entrelaçadas em determinada situação. Assim, até os clientes de facilitação ou processos terapêuticos carregam aspectos do próprio facilitador. Por isso, quando um cliente ilumina aspectos que estavam ocultos dentro de alguma dinâmica de sua vida pessoal, ou seja, quando ele ganha consciência sobre si mesmo, ele ilumina, também, as nossas próprias sombras. Portanto, processos de terapia são verdadeiras trocas de consciência mútua que acontecem entre cliente e profissional. Saio dos processos aos quais tenho privilégio de facilitar sempre grata, não apenas ao sistema que observei, mas também ao meu cliente; seu iluminar de consciência ilumina a minha também.
Para ajudar na cura do nosso sistema, precisamos reconhecer a grandiosidade de cada membro da família, sermos gratos e, principalmente, reverenciar nossos pais, avós, bisavós, tataravós, que fizeram, sofreram e lutaram tanto para que nossa linhagem seguisse em frente e para que, hoje, pudéssemos estar aqui. Ainda que não nos deixassem nada, deram-nos a oportunidade da vida. Suas histórias e dores certamente nos pouparam muito sofrimento e luta; essa simples consciência tem poder curativo para todo o nosso sistema e, consequentemente, poupa nossos filhos de carregar certos fardos.
Mais do que repetidores de padrões, podemos continuar pertencentes a um sistema sem carregar seus hábitos, valores e crenças e, assim, atuar naquele campo de informação a partir do amor saudável. Assim como é a repetição que perpetua hábitos nas espécies, o fato de criar novos hábitos, baseados nessa nova consciência, influenciará, igualmente, o campo morfogênico. Portanto, nossos filhos, netos e todos que vierem depois em nossa linhagem familiar, passarão a viver sob essa influência desta nova consciência. Portanto, concordo com Shledrake: “Cada um de nós é mais responsável do que imagina, pois nossas ações podem influenciar os outros a serem repetidas.”
Não basta constelar
Para finalizar, existem três aspectos que são essenciais depois de ter conhecimento sobre as informações do campo de informação visto em uma constelação: humildade, para aceitar e não julgar o que foi visto; coragem, para tomar uma atitude nova em direção à situação de reequilíbrio e, também, coragem para correr risco de se sentir não amado ao mudar sua conduta; por último, teremos que lidar com a “má consciência boa”. Dou esse nome para a sensação que teremos ao sermos julgados pela nova conduta. É um sair da inocência em que caminhamos a vida inteira, quando não sabíamos dos desequilíbrios familiares, mas, mesmo inconscientemente, contribuímos com ele por meio de nossos oriundos dos hábitos herdados. Ao ter ciência disso, haverá uma pequena margem de escolha de nossa parte de mudar o curso das situações que desejamos ver transformadas. Mas há de se lembrar de que as pessoas com as quais convivemos não estão acostumadas a nos ver agindo diferentemente do que costumamos agir, e isso nos gera desconforto no início. Não queremos magoar ou desagradar quem amamos, mas é importante lidar com essa sensação de “culpa” superficial. Lembrar-nos de que a nova atitude é para o bem de todos e que está contribuindo para a instauração de novos hábitos, antes nunca pensados; isso dá força a todos do sistema, mesmos àqueles que não sabem o que está acontecendo. Pense que aquele sistema aprendeu a se nutrir, mesmo que de forma não saudável, portanto, sentirá a mudança. Assim, é comum, depois do processo, passarmos por provas no caminho que nos seduzirão a voltar ao padrão antigo. Mas quem resiste, é recompensado. Na verdade, todo o sistema será.
Todo novo hábito requer prática e será preciso criar novos circuitos na mente para programar novas maneiras de atuar com naturalidade. Mas quando um membro da família, normalmente o mais consciente, resiste a esses três desafios, ajuda o sistema inteiro, inclusive aqueles que já sofreram muito no passado e que não sabiam como mudar suas situações pelo fato de desconhecerem as leis. Assim, quando ganhamos conhecimento delas, deixamos de ser inocentes, que era quando não sabíamos da verdade, e a própria vida nos exigirá uma atitude. Mesmo que sejam difíceis, fazer escolhas adultas, com consciência, é o que chamo de LIBERDADE.
Uma criança não é livre, ela apenas repete os padrões. Enquanto a criança carrega a inocência que pode protegê-la, o adulto carrega a consciência, que pode protegê-lo ainda mais.
Camila Capel
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